Autonomia e a descoberta do mundo
Marcella Rocha
Meus pais sempre me diziam para aproveitar minha infância, que ela duraria pouco e que eu sentiria muita falta dela. Hoje em dia, eu me pergunto se isso é realmente verdade. Será que vou sentir falta de ser dependente dos meus pais? Ou de precisar pedir autorização para tudo? Não tenho mais tanta certeza. Com certeza, vou sentir falta de não ter nenhuma preocupação – na verdade, essa falta eu já sinto. Mas da dependência da infância, acho que não.
Quando percebemos que não dependemos mais completamente dos nossos pais, uma sensação maravilhosa toma conta de nós. É como se uma corda que nos prendesse a vida inteira estivesse sendo cortada. Porém, com ela, muitas de nossas seguranças se vão também. Precisamos tomar decisões difíceis, cuidar de nós mesmos, e nem sempre estamos prontos para isso. Ter autonomia não significa estar pronto para ela, muito menos ter a garantia de acertar nas decisões.
As maiores burradas de nossas vidas são cometidas assim que tornamo-nos pessoas autônomas, assim como muitas das coisas mais divertidas. A autonomia é uma conquista demorada, mas muito necessária. Só descobrimos o mundo por nós mesmos, e a autonomia é a única que nos permite tal descoberta. Por mais conselhos e alertas que recebamos de nossos pais ou professores, somente errando e acertando que aprenderemos como a vida é.
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